Para apaixonados pelo cross triathlon, no último final de semana de setembro aconteceu o evento que marca o ano para amadores e profissionais, o campeonato mundial triathlon offroad XTerra 2025, em Trentino, Itália.
Um esporte que nasceu há 29 anos, que cresceu e mudou pelo mesmo motivo, mas que não perdeu a essência: superar os limites da mente e do corpo em meio à conexão e ao respeito com a natureza. Isso é XTerra!
O que você vai ler na matéria:
- Principais destaques
- Trentino, Italia
- Favoritos e startlist Elite
- A prova da Elite
- Desempenho dos brasileiros
- Um novo ciclo, XTerra Ruidoso 2026
- 8 curiosidades quentes do mundial 2025
Principais destaques da prova
- Felix Forrasier (FRA) e Loanne Duvoisin (CHE) são os novos campeões mundiais de triathlon offroad, no XTerra Molveno 2025
- Heróis do dia: H. Bramwell-reeks melhor natação 00:19:41; J. Sloth Nielsen melhor bike 01:42:07; e F. Forissier melhor corrida 00:40:55.
- Heroínas do dia: I. Hedley melhor natação 00:21:04; Loanne Duvoisin melhor bike 02:01:22, e corrida 00:49:24.
- Os triatletas brasileiros Hugo Amaral (35-39) e Diogo Malagon (40-44) conquistam pódio nas categorias por idade do amador
- Na transmissão, aparecem 3 pessoas peladas no meio da trilha onde os atletas faziam o percurso da corrida
Trentino, Itália
Palco do campeonato mundial de triathlon offroad há 4 anos, o lugar que abriga esse evento fica na província de Trentino-Alto Ádige, capital Trento, no extremo norte da Itália. A região ítalo-alemã, totalmente montanhanhosa com maior cume que ultrapassa os 3900m de altitude, é marcada por disputas geopolíticas desde a Idade Média; castelo medieval; museu de arte, ciência e aeronáutica; e lagos de cor verde e azul intensa.
Sua cultura gastronômica se mistura em meio à Áustria, país vizinho, onde será possível encontrar pães e massas frescas, assim como aperitivos e doces austríacos, além de vinhos e cervejas regionais.
Nessa época do ano na Itália, é outono e tem o clima ameno, com temperaturas de 8º ao ar livre, umidade de 87% e vento NE de 9 km/h, e água 17,5ºC na hora da largada da Elite.

Favoritos e startlist da Elite
Elite Masculino
- Arthur Serrieres (FRA)
- Felix Forissier (FRA)
- Jens Emil Sloth Nielsen (DNK)
- Sullivan Middaugh (USA)
- Arthur Forissier (FRA)
Elite Feminina
- Solenne Billouin (FRA)
- Loanne Duvoisin (CHE)
- Aneta Grabmuller (CZE)
- Marta Menditto (ITA)
- Barbara Riveros (CHL)
Confira a lista completa no link no final da matéria.
A prova das profissionais de cross triathlon
A distância do cross triathlon full distance (1500m / 30km / 10km) foi dividida em 2 voltas de 750m de natação, 2 voltas de 15km com 1034m de elevação e inclinação máxima de 19,7%, e 2 voltas de 4,8km com 288m de elevação.
Então, no total temos: 1500m nadando na água geladíssima de 17ºC, 30km pedalando na lama com 2068m e 9,7km correndo na subida com 576m. Easy!
O narrador chama o convidado, Conrad Stalk, o “caveman” – ex-triatleta profissional nos anos 90 -, que ao ser perguntado sobre o que acha do percurso deste ano, diz: “Essa é uma corrida que você vai lembrar pro resto da vida … vai ser uma batalha épica, mas também uma luta contra a natureza, são as condições que se têm hoje aqui”.

Natação em águas abertas 1500m
Com base no seu resultado do ano anterior, é definido o direito de escolha da posição de largada dos cinco primeiros a alinhar. E logo após a buzina, nos primeiros 200 metros, o pelotão já era liderado pelo triatleta alemão Jens Roth, que abriu vantagem.
No feminino, depois dos 400 metros, formou-se um grupo entre 5 e 6 triatletas que lideram a primeira e a segunda perna, entre elas Emma Ducreux (76), Aneta Grabmuller (73) e Alanis Siffert (90).
Transição T1
Menos de 500m da saída da água, uma T1 relativamente curta, estrutura de cavaletes bem organizada e próxima do calor do público.
No masculino, Jens Roth (14) e H. Bramwell-Reeves (61) saem da água 10s a frente do pelotão para fazer a T1, e em uma curva próxima da transição, o britânico H. escorregou, perdendo 3s na saída da T1, atrás de Jens.
Na elite feminina, o grupo da frente continuou junto, Aneta Grabmuller (73), Isla Hedley (87), Barbara Riveros (86) e outras 3 triatletas saíram da água lado a lado, abrindo mais de 15s do pelotão.Interessante que, a maioria subiu na bike com o pé por cima da sapatilha clipada na bike, e depois de alguns metros calçavam totalmente.

Mountain Bike 30KM
Logo no início, e no meio, do percurso, os atletas passavam por uma estrutura de madeira que já tinha um pouco de lama, o que dificultava subir a rampa no meio da arena XTerra.
Nas trilhas, por causa do clima úmido e das chuvas por 3 dias, os atletas enfrentaram muita lama em toda parte, com dificuldades para pilotar. Inclusive, para os câmeras de e-bike!
No início da primeira volta, ataques de Maxim Chane (4), Jens Sloth (3) e Arthur Forrisier (21) formam um pelotão junto com Felix Forrisier (2) e Sullivan Middaugh (7).
Com pouco mais de 24 minutos de prova, após as rampas de madeira, a triatleta colombiana Elizabeth Gutierez (97) tem queda de corrente e tenta voltar pro jogo.
Na sequência, outros triatletas também tiveram problemas mecânicos ou de furo de pneu, como Jens Sloth (3), Maxim Chane (4), Lukas Kaspar (62).
Também no fim da segunda volta, na liderança feminina, Isla Hedley (87) com +1 de gap da 2ª colocada tem pneu vazando selante, e Barbara Riveros (86) figurando a 3ª posição, escorrega na descida offcamber, que sofre leve queda mas se recupera. Após isso, Loanne Duvoisin (72) aparece liderando.
Transição T2
Com 2h02 de prova, Félix Forissier (2) foi o primeiro a completar a bike, fez a transição e saiu para correr em aprox. 39s.
Pouco depois, o dinamarquês Jens Sloth (3) entregou a bike apenas 1 minuto atrás do francês, e o defensor do título de campeão mundial, Arthur Serrieres (1), com 3 minutos do 1º colocado.
Com 2h25, Loanne Duvoisin (72) foi a primeira a fechar a mountain bike e fez sua transição em 41s, e mirando sua adversária, Solenne Billouin (71) chegou apenas 7s atrás – olho no olho com Loanne -, fez sua T2 em 21s e foi buscar a 1ª colocada.

Trail Run 10KM
Assim como na bike, na saída da transição, havia uma ponte de estrutura de ferro, e outra de madeira, com degraus e que eram os primeiros obstáculos, seguida de curto trecho urbano até chegar a um estradão de terra arenosa e pedrinha batida.
Para depois entrar nos trechos técnicos de single track, rock garden e inclinações ascendentes e descendentes bizarras!
Com uma ótima mecânica de corrida e poucos erros, Forissier (2) “jogou duro”, sem dar chance aos adversários nas duas voltas, que cruzou a linha de chegada com 2:44:17, e se consagra o novo campeão mundial de triathlon offroad.
Após +1’34, o dinamarquês Jens Sluth (3) chega em 2º colocado, e pouco tempo depois, o francês Arthur Serrieres (1) pra fechar em 3º colocado.
Com ímpeto e muita garra, a triatleta suíça, Loanne Duvoisin (72) liderou da bike a corrida de ponta a ponta, e se emociona ao cruzar a linha de chegada, tornando-se a nova campeã mundial de cross triathlon com 3:15:18.
Apenas +4’12 atrás, a tri campeã francesa Solenne Billouin (71) garante a 2ª colocação. E a experiente triatleta olímpica do Chile, Barbara Riveros, se classifica na 3ª colocação, +7’21 da líder.
Assista a competição da Elite, Juvenil e Junior no YouTube:
Desempenho dos brasileiros no mundial
Ao todo, 23 triatletas brasileiros(as) competiram no Age Group do mundial de cross triathlon, 17 no masculino e 6 no feminino. Conseguimos 2 pódios no masculino, de 1º lugar do Hugo Amaral na 35-39 e 2º lugar do Diogo Malagon na 40-44.
Classificação Masculino:
- Luigi Carvalo (20-24) – 6º colocado
- Rafael Assis (20-24) – 14º colocado
- José Nogueira (25-29) – 15º colocado
- Marcelo Metri (25-29) – 27º colocado
- Hugo Amaral (35-39) – 1º colocado 🥇
- José Moletta (35-39) – 4º colocado
- Danilo Miranda (35-39) – 37º colocado
- Diogo Malagon (40-44) – 2º colocado 🥈
- William Almeida (40-44) – 24º colocado
- Rafael Silveira (40-44) – 31º colocado
- Adil Vitorio (40-44) – 45º colocado
- Allan Luiz (45-49) – 42º colocado
- Davison Venancio (45-49) – 52º colocado
- Alessandro Santos (50-54) – 37º colocado
- Eduardo Vani (50-54) – 38º colocado
- Horácio Braga (55-59) – 32º colocado
- Luiz Filho (60-64) – 11º colocado
Classificação Feminino:
- Mylena Milchesky (20-24) – 8ª colocada
- Mayara Quintanilha (25-29) – 13ª colocada
- Daiana Guedes (35-39) – 19ª colocada
- Thayla Tomaz (35-39) – 22ª colocada
- Regina Astone – 15ª colocada
- Luciana Cox – 10ª colocada
O saldo é sempre positivo, só de sair daqui e representar o Brasil já é uma vitória. Torcemos para mais brasileiros e brasileiras se destaquem no próximo ano, no Novo México, Estados Unidos.
Confira a declaração de Hugo Amaral, no Instagram:
Um novo ciclo, XTerra Ruidoso 2026
Encerra-se o ciclo de 4 anos em Trentino, e inicia-se um novo capítulo para o XTerra, agora de volta aos Estados Unidos, que vão marcar os 30 anos do esporte offroad.
Save the date: entre 08 e 11 de outubro de 2026!
“A escolha de Ruidoso, uma vila conhecida por suas paisagens deslumbrantes e trilhas desafiadoras, marca o retorno do evento para o solo americano, oferecendo uma experiência única do “Velho Oeste” com o cenário de montanhas e a cultura local, incluindo um festival com atrações e atividades para a família no Wingfield Park”, segundo matéria do blog XTerra Planet.
Conheça Ruidoso, Novo Mexico:
8 curiosidades quentes do mundial 2025
- 🔥 A triatleta suíça Loanne Duvoisin quebra jejum no XTerra, que até então, no circuito europeu da Itália (2022 a 2025), apenas triatletas franceses ganharam o mundial de cross triathlon no masculino e
- 🔥 De 63 atletas na Elite Masculina, cerca de 8% (5) são do continente americano, e todos dos Estados Unidos. Fato esse, somado ao startlist de outros anos, mostra uma dificuldade de atletas masculinos de outros países fora da Europa e da Oceania figurarem em destaque na elite do esporte offroad.
- 🔥 No feminino, de 34 atletas, cerca de 15% são da América, e a chilena Barbara Riveros figura como uma das favoritas. No Starlist, ainda conta com atletas de Moçambique, Colômbia e Croácia, o que mostra uma maior diversidade na elite feminina do Cross Triathlon.
- 🔥 “Uber bike” é uma expressão usada para se referir aos atletas galácticos e gregários que parecem uma “moto”.
- 🔥 Triatletas como Arthur Serrieres, Felix Forissier e Jens Sloth preferiram um setup mais leve usando uma hardtail ao invés da full-suspension
- 🔥 Na transmissão aparecem três pessoas nuas, que aparentemente estavam tomando banho de riacho, na trilha do percurso onde os triatletas passavam. No frio? Um pouco estranho…
- 🔥 Na entrevista após a corrida, Serrieres demonstra frustração com a 3ª colocação e claramente fica irritado quando o repórter pergunta qual é sua mensagem para os fãs e que poderia falar em francês. O cross-triatleta nº1 do mundo pela pontuação aWPI, rebate dizendo que já está falando em inglês.
- 🔥 O repórter não satisfeito com a resposta de A. Serrieres, faz a mesma pergunta ao atual campeão F. Forissier, que responde e agradece animado em sua língua (francês)
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Fontes: